5 artigos de opinião para ler


Durante os meses de verão viramos as atenções para o rio Vizela e para os sistemas que o influenciam. Actualmente a temática da poluição tem vindo a ganhar força e as sinergias para voltarmos a ter um rio mais natural tem sido aposta de várias instituições.

Assim, além da formação e inscrição do rio Vizela no "Projeto Rios", foram convidados vários especialistas para escreverem sobre estas temáticas ambientais. Confira:






O Rio Vizela e a Escola de Infias

Desde 2015 que o mundo procura alcançar, até 2030, os 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável, nas dimensões social, económica e ambiental (https://unric.org/pt/objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/). A proteção do ambiente é assim um assunto que continua fulcral no desenvolvimento da humanidade e sociedade.
A Escola Básica e Secundária de Infias, Vizela, desenvolve um conjunto de atividades que visam formar a consciência ambiental dos nossos futuros cidadãos. Queremos alunos com conhecimento científico e tecnológico, sensíveis às questões ambientais, sociais e económicas, com vontade de agir, na expectativa de lutar por um mundo mais sustentável. Utilizamos o rio Vizela como recurso de aprendizagem (promove-se o conhecimento da biodiversidade do rio) procurando-se sensibilizar para a sua importância. O Homem é um ser vivo e como tal não pode viver sem o planeta. Somos água como o rio e somos matéria como o guarda-rios ou a lontra. Para nós, a dinâmica da conservação do rio passa pela criação de momentos de alguma intimidade com a natureza (o saber escutar o movimento da água, o apreciar do chilrear de uma ave ou até o sentir a pegada, ainda fresca, de uma lontra que por ali passou ao amanhecer). Conhecendo e entranhando estas sensações conseguimos resgatar os laços que temos e sempre tivemos com a natureza. Como sabemos, só protegemos aquilo que conhecemos e com o qual construímos algum vínculo afectivo. Por outro lado, e porque o rio é também poluição, a Escola procura proporcionar momentos de ação conjunta, como é exemplo as acções de limpeza, em que a escola participou, em parceria com entidades de Vizela. Essa experiência é efectivamente única! Cada participante fica com uma sensação de dever cumprido!!!
Os alunos encontram “coisas” no rio (plásticos, restos de roupa, embalagens, vidro) e perguntam-se o que fazem aquelas “coisas” ali. Podem investigar e até descobrir que antigamente aquele lugar seria muito diferente e muitos mais seres deveriam ali existir. Seres vivos muito exigentes no que se refere à qualidade da água e que por isso abandonaram aquele local. Podem tentar “gritar” bem alto – ESTE RIO TAMBÉM É MEU, PAREM DE POLUIR - mas compreendem que um “grito” fala muito mais baixo que empresas e outras pessoas menos sensibilizadas para a questão. Queremos então que os alunos descubram que se contarem a mais pessoas de como é bom escutar o movimento da água ou sentir a pegada da lontra, talvez mais pessoas queiram participar nas acções de protecção do rio. O meu “grito” junto com o” grito” de muitos outras pessoas vai fazer a diferença!
Esta é para nós a grande prioridade … dotar os alunos de ferramentas (conhecimento, sobre o rio, relação afectiva com o rio, vontade de agir) para encorajar o voo! E neste caso o voo é o lutar por uma cidade melhor do ponto de vista ambiental, social e económico! Trabalhar em parceria com a Coração Azul é um exemplo de como um pequeno “grito” pode transformar-se num arco-íris de esperança de um mundo melhor!!!!

Professora Fátima Vilas Boas
Coordenadora do projeto “Eco-Escolas” e coordenadora da “Estratégia de Educação para a Cidadania”



TERMALISMO, TURISMO E AMBIENTE
Julho de 2020 – Nuno Campos

Foi a partir da década de 70 que se começou a dar importância ao conflito entre o turismo e a natureza, devido ao facto de, inicialmente, o turismo prejudicar o meio ambiente, o que levou à degradação total, procurando-se um consenso na harmonia do turismo que respeite o ambiente e a natureza. Do ponto de vista ambiental, para que este não se degrade e haja prática da atividade turística é necessário um planeamento e ordenamento do território. Nunca é de mais salientar que a massificação do turismo, é em parte responsável pela deterioração de muitos destinos turísticos, que entraram em rutura e num ciclo negativo: logo menos volumes de visitantes geram impactos menores aos meios ambientes.
Turismo pode assim, ser responsável por uma série de impactos negativos sobre o ambiente como a poluição do ar e da água, a poluição sonora, a poluição visual, o congestionamento e superlotação do tráfego, a erosão física dos sítios, a perturbação dos habitats e das espécies que ocupam lugares que os visitantes exploram, o despejo impróprio de lixo, o planeamento defeituoso, etc. Devido a esta série de impactos negativos a melhor forma de os evitar é reforçar os impactos positivos, sendo eles a preservação de áreas naturais (que estão constantemente a ser deterioradas ecologicamente, preservação de parques naturais, recreação ao ar livre e manutenção de áreas com atrações), a preservação de locais históricos e a melhoria na qualidade ambiental (promover melhorias nas paisagens naturais ou urbanas) e nas infraestruturas (rodovias, sistemas de água e esgotos, telecomunicações, etc.),. Em suma, é planear adequadamente o turismo.
Sendo inúmeras as razões das atratividades de uma região para o turismo, como a paisagem natural, os monumentos históricos, a cultura, o clima, a ausência da poluição, a gastronomia, entre outros, o ambiente está sempre ligado. Se pretendermos que o setor do turismo continue, não se pode vender a nossa matéria-prima (a natureza) ou não vamos ter toda a perspetiva de geração de riqueza e de emprego. Nos anos 90 e fins de 80, chegou-se à conclusão que se deveria planear o desenvolvimento turístico, devido ao surgimento de situações incompreensíveis na qualidade/sustentabilidade, e assim começou o interesse e preocupação com a proteção do meio ambiente, a qualidade de vida e a defesa dos valores de qualidade de vida da comunidade de acolhimento. O turismo não se gera longe do meio ambiente, pois este último é o que produz a matéria prima para a prática da atividade turística. E se por um lado a prática desta ocupação se prende por um ambiente de qualidade, por outro leva a degradação paulatinamente dos espaços naturais, por falta de ordenamento e gestão da área, existindo uma necessidade extrema, de avaliação dos fluxos turísticos, sendo o meio ambiente um recurso sensível à prática humana, como por exemplo os rios e montanhas.
São Pedro do Sul, tal como Vizela, é uma cidade Termal. Infelizmente e ao longo dos anos, sofreu também, não só de más práticas humanas, negligenciadas pela falta de acompanhamento, mas também pela falta de valorização dos aspetos ambientais pela classe política, não só na perspetiva de conservação, mas também como recurso e atrativo para “chamar” um tipo de Turismo emergente: O Turismo de Natureza. Mas para que tal aconteça, para além de dever existir um conjunto de práticas conservacionistas abrangentes (saneamentos, manutenção de espaços verdes, reordenamento e boas praticas florestais) seria de bom tom, promoverem-se verdadeiras campanhas de sensibilização e cuidados ambientais. Infelizmente quer cá, como me vou apercebendo também aí, a classe política carece de sensibilidade no tratamento deste tema, cartando árvores desmesuradamente e sem qualquer critério, elaborando construções sem qualquer sensibilidade conservacionista e ambiental, etc, etc, etc.
Preocupante, é ainda assim venderem património natural (Serras e rios), sem que exista o mínimo de preocupação em saberem efetivamente qual o impacto turístico sobre os mesmo. Vivemos atualmente na era do passadiço, e o que importa é construir e massificar “a coisa”.
Em suma, o meu apelo vai para que os Municípios, as próprias empresas que exploram turisticamente recursos, (como as Termas) se fundamentem profunda e intrinsecamente com as questões de SUSTENTABILIDADE que, devem obrigatoriamente estar associadas à sua filosofia de base: Promover as boas práticas ambientais aos utentes aquistas, aos turistas, e fomentar atividades de educação e sensibilização ambiental, olhando para o turismo de natureza não com o propósito massificado. Pode esta perspetiva valer-lhe, tal como disse acima, uma classe de visitantes que se interessem por gente com gosto pelo preservacionismo e conservação do nosso património natural.
Pode e deve ser uma excelente forma de ir modificando paradigmas, principalmente quanto todos sabemos que vivemos atualmente com o estigma das alterações climáticas e da perda diária de espécies.

Nota: Sou um pequeno ativista ambiental de Santa Cruz da Trapa – São Pedro do Sul, e estive em Vizela há 15 anos onde tive a felicidade de dar aulas e conhecer um dos melhores povos portugueses. “A terra onde se virou a linha!”
Um dia destes estarei aí a provar aquele bolinho fantástico, e a virar um copinho de “espadal”



Quantas ribeiras ou rios correm debaixo dos teus pés?

As linhas de água foram perdendo o seu papel como elemento integrador da paisagem, à medida que a expansão urbanística foi avançando e escondendo no subsolo diversas linhas de água.
Atualmente, em diversas cidades portuguesas, ribeiras e alguns rios de aguas não navegáveis correm entubados. A artificialidade dos ecossistemas fluviais na cidade do Porto por exemplo, corresponde ao facto de 76% dos 66 km de extensão das linhas de água que cruzam a cidade, se encontrarem entubadas (49,7 km de extensão). Outros casos existirão em outras diversas geografias.
O desentubamento de alguns troços, sempre que a condição da malha urbana o permitir, resulta em sentido lato, na diminuição do risco de inundações, na melhoria da capacidade de depuração da água, e, acima de tudo no aumento da conectividade ecológica e na promoção da biodiversidade em contexto urbano. Neste último aspeto, acima de tudo, estamos a apontar a oportunidade de criação de novos espaços verdes urbanos para contacto direto ou indireto com a natureza, que o desentubamento de troços de linhas de água permite como opção viável também a criação de novas artérias de mobilidade favoráveis à circulação de peões e ou ciclistas em cidade.
Assim, o desentubamento, acompanhado do restauro fluvial (renaturalização da linha de água), estabelece as funções ecológicas das linhas de água, atuando sobre a hidrologia, morfologia, qualidade da água e a biodiversidade das mesmas. De igual modo, como operações fundamentais ao desentubamento, deve ser operada a despoluição potencialmente existente, mapeando os casos em conflitos e promovendo a correta ligação dos esgotos domésticos e industriais à rede de saneamento, para que os efluentes sejam devidamente tratados em Estações de Tratamento de Águas Residuais.
Projetos de inovação social urbana podem reconectar, as comunidades com as linhas de água urbanas omissas, colocando em diálogo rios e ruas, previamente a qualquer ação de desentubamento. Longe da vista, longe do coração. Quantas ribeiras ou rios correm debaixo dos teus pés?"

Ricardo Nogueira Martins
Geógrafo



Educação Ambiental nos Jardins de Infância? Sim, urgentemente! 

Educar significa exatamente alargar os horizontes, expandir os conhecimentos e experiências de que as crianças são portadoras ao chegarem à escola. Tal propósito pressupõe que se proporcione aos alunos o contacto com realidades e situações que saiam dos estritos limites do seu meio local, do que podem ver e experienciar diretamente. (Roldão, 1995, p.18) 
Na Conferência das Nações Unidas sobre o Homem e o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, em 1972, começou a perceber-se que o rápido crescimento da economia e da população mundial ameaçava colidir com os recursos finitos e com os ecossistemas frágeis da Terra. Um desenvolvimento sustentável é, assim, o desafio central do nosso tempo. E porquê trabalhar esta questão na educação pré-escolar? 
Segundo as Orientações Curriculares para o Pré-escolar (Silva et al., 2016), esta temática encontra-se inserida na área do Conhecimento do Mundo, mais propriamente na componente referente ao Conhecimento do Mundo Físico e Natural, que valoriza o contacto das crianças com a natureza, como forma de promover o desenvolvimento de uma consciencialização para a educação ambiental. 
Um dos principais objetivos da educação ambiental é o desenvolvimento do espírito crítico, bem como a consciencialização dos problemas ambientais, procurando transformar pessoas e comunidades passivas em agentes ativos, capazes de refletir e de apresentar soluções para os problemas e para a importância da preservação do ambiente e dos recursos naturais. 
Na sala dos Triquiteiros de S. João a natureza é considerada como uma excelente ferramenta pedagógica, ao ponto de dizerem que o campo e o monte são a sua segunda escola. Um local onde podem dar asas à curiosidade, onde podem explorar (como verdadeiros investigadores) o espaço que os rodeia, onde observam, onde contactam com a natureza em estado puro, onde desafiam os seus próprios riscos, onde se aventuram onde se aprendem a se desenrascar, onde cooperam e interagem com o outro e com o espaço, onde aprendem a ser GENTE, onde (acima de tudo) respiram Liberdade. 
Por outro lado, desenvolvem o espírito crítico, bem como a consciencialização dos problemas ambientais, procurando transformarem-se em agentes ativos, capazes de refletir e de apresentar soluções para os problemas que surgem, dão opiniões, têm atitudes, vivências, sentimentos, realizam investigações e adquirirem conhecimentos e competências que podem utilizar ao longo da sua vida. 
São disso exemplo, a promoção de hábitos diários de cuidado do meio ambiente (apanhar lixo do chão, fechar as torneiras, apagar as luzes, evitar os descartáveis, reciclar, compostar), a utilização de situações do quotidiano para questionar e promover a reflexão e interpretação das crianças sobre os fenómenos do meio físico e natural (a planta da sala que murchou, a queda de granizo); a promoção e a participação e responsabilidade das crianças no cuidado e proteção de seres vivos dentro e fora da escola (cuidar de plantas, de animais( gata) e da horta na escola; cuidado com ninhos, plantas e animais nos jardins, parques e espaços verdes fora da escola) que costumam visitar; as idas constantes ao parque, campo e monte, onde estão em contacto com a natureza, onde a observam, conhecem-na e a apreciam; o envolvimento das crianças e famílias na recolha de materiais naturais (sementes de frutos, de cereais e de outras plantas, rochas diversas) e outros materiais (metais, plásticos, papéis, vidro); caminhada de alunos e família, em prol do Rio Vizela. 
“Se ensinarmos os estudantes de hoje, como ensinamos os de ontem, vamos roubá-los do amanhã”. (Jonh Dewey)

Professora Rosa Maria Alves



A água como fonte de vida
Será que nos estamos a esquecer da importância da água?

A presença de água é reconhecida como um dos pré-requisitos chave para a presença de vida, não é à toa que muito da investigação sobre vida extraterrestre passa pela investigação sobre existência de água noutros planetas. A água ocupa 71% da superfície do planeta Terra,e97% da água mundial é salgada. Apenas cerca de 3% da água mundial é água doce e esta ocupa apenas 0.8% da superfície terrestre. No entanto, é nos ecossistemas dulçaquícolas que encontramos quase 6% das espécies mundiais. Estas espécies incluem desde mamíferos e aves, numerosos invertebrados, organismos unicelulares e diversas plantas e algas. Alguns são particularmente emblemáticos e bem conhecidos como a lontra, as garças, as trutas e as libélulas, outros são menos chamativos e menos conhecidos como por exemplo as minúsculas mas fascinantes diatomáceas, os tricópteros e as amibas. As espécies de água doce são importantes para os ecossistemas locais, fornecem fontes de alimento e rendimento para os humanos e são essenciais para o controle de enchentes e erosão. No entanto, são precisamente estas espécies que enfrentam atualmente maior risco de extinção e que estão a desaparecer mais rapidamente. As principais ameaças que enfrentam são a perda de habitat, a introdução de espécies exóticas, poluição e a exploração excessiva, as quais ocorrem muitas vezes em simultâneo.
Convido-o a parar por breves minutos numa ponte sobre o rio, de um qualquer rio português e olhar com atenção o seu leito e as suas margens. Dificilmente não vai identificar um ou mais sinais de ameaça. Podem ser subtis, mas verá desde materiais plásticos diversos nas margens, sinais de corte indiscriminado de vegetação e de destruição da galeria ripícola, baixo número de insetos em atividade (e.g. polinizadores, libélulas), desvios e redução do caudal, presença de espécies exóticas (e.g. lagostins, perca-sol), e alterações evidentes na qualidade da água, que apresenta cores inexplicáveis e, por vezes, odor fétido. Precisamos olhar com atenção, identificar os problemas e procurar resolvê-los. Precisamos tomar parte ativa na recolha de informação, da comunicação de problemas às entidades competentes. Precisamos dinamizar atividades localmente visando ampliar o conhecimento da biodiversidade de cada região e das ameaças que enfrentam,assim como fomentar a valorização da biodiversidade pela população em geral. Precisamos tomar parte ativa na remoção do lixo que jaz nas margens dos rios e no correto encaminhamento dos resíduos. Precisamos relembrar o quão importante é a água para a vida, a vida de todos os organismos, e também da nossa vida, para o nosso bem-estar e qualidade de vida.

Entomóloga Sónia Ferreira


Que sejamos como o salmão na mudança social

O verão é naturalmente uma época de olhar para a água (ou a falta dela) e verificarmos como tem sido a evolução deste precioso recurso para o planeta. São já várias as reportagens de alerta sobre o plástico, a poluição, as intervenções nas margens dos rios, dunas e estuários… e a comunidade aos poucos começa a adoptar comportamentos com impactos mais positivos para equilibrar a balança da sustentabilidade ambiental. Recorde-se que no dia 22 de Agosto de 2020 foi o dia que o planeta atingiu a sobrecarga dos seus recursos, passando a humanidade a usar um cartão de crédito ambiental. É preciso fazermos mais. Durante os meses de Julho e Agosto, a Associação Coração Azul dedicou o eixo da Educação Ambiental ao rio com a temática “Há vida no rio Vizela… e alguns são invasores”. Além dos trabalhos de estudo e mapeamento (que mais tarde serão apresentados), foram convidadas algumas personalidades a escrever sobre estas problemáticas. Ao todo foram 5 artigos que retratam uma visão de mudança de paradigma e que é urgente levar para o centro da discussão pública quando se fala em desenvolvimento. O primeiro artigo da autoria da inspiradora professora Fátima Vilas Boas, coordenadora do projeto “Eco-Escolas” e coordenadora da “Estratégia de Educação para a Cidadania”, fala-nos de “um pequeno “grito” que “pode transformar-se num arco-íris de esperança de um mundo melhor”. A força da juventude, a sua irreverência e a vontade de fazer continua a ser algo extraordinário. Seguimos com o artigo de Nuno Campos, que bem conhece o sector do termalismo, e deixou bastantes apontamentos sobre o turismo, o termalismo e a forma de olhar “para o turismo de natureza não com o propósito massificado”. Também o geógrafo Ricardo Nogueira Martins abriu horizontes com a questão “Quantas ribeiras ou rios correm debaixo dos teus pés?”. Um artigo de opinião que nos deixa a pesquisar durante uma tarde sobre vários conceitos, como por exemplo o desentubamento e a renaturalização da linha de água. Aqui salta-me logo à vista o nosso urbanismo e como temos uns prédios como os das Teixugueiras virados de costas para o ribeiro de passos (uma construção com décadas) e agora vemos uma zona ribeirinha com todas as casas viradas para a linha de água. O rio e as linhas de água no passado eram vistas como o “esgoto” e hoje a mentalidade está a mudar. Seguimos com as palavras da professora Rosa Maria Alves que responde à pergunta: “Educação Ambiental nos Jardins de Infância? Sim, urgentemente!”. As suas palavras completamente enquadradas com visões internacionais são sempre inspiradoras e para quem conhece o trabalho nos Enxertos sabe que são um elo fundamental no plano educativo vizelense. A professora termina o seu artigo com a referência de um filósofo e pedagogista norte-americano Jonh Dewey: “Se ensinarmos os estudantes de hoje, como ensinamos os de ontem, vamos roubá-los do amanhã”. Uma expressão para voltarmos atrás e relermos outra vez. E se com quatro artigos distintos já dá para pesquisar durante muito tempo, também o contributo da Entomóloga Sónia Ferreira vem levantar outras temáticas. O que está em risco, o que andamos a fazer, se já paramos em cima de uma ponte e olhamos o que lá está. “Precisamos de tomar parte activa…” é uma das frases que retiro de mais uma reflexão ambiental. Além das palavras, de todo o reforço e apoio que estas personalidades têm vindo a prestar ao trabalho da Associação Coração Azul, também se deitou as mãos ao terreno e a Coração Azul tem já inscrito um troço do rio Vizela no plano estratégico de monitorização do “Projeto Rios” da ASPEA. E é aqui que termino este artigo de opinião com a metáfora de podermos ser todos como o salmão na procura da mudança social. Uma espécie que tenta subir o rio, que salta contra a corrente, que enfrenta açudes, poluição, mudanças nas margens ribeirinhas, muros, barragens, barcos, redes de pesca e que mesmo assim corajosamente luta pela sobrevivência da sua espécie. 
*o Salmão do atlântico está em perigo crítico, a pesca lúdica e desportiva é proibida. No caso de captura deve ser imediatamente devolvido à água. Devolução obrigatória.

https://www.radiovizela.pt/opiniao-que-sejamos-como-o-salmao-na-mudanca-social-autor-jose-joao-ferreira?fbclid=IwAR1GwsAb0YH301vBSmDTc0X61Escd997qFdcgXjwhr1NCI44UWEq65ijhW8

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