5º Anos do Projeto Patinhas Carenciadas


 Reportagem RVJornal - Ângela Fernandes: https://www.radiovizela.pt/noticia-coracao-azul-apoia-59-familias-com-animais-a-cargo

Coração Azul apoia 59 famílias com animais a cargo
Projeto Patinhas Carenciadas teve início há cinco anos.

Há cinco anos que a Coração Azul – Associação Juvenil de Apoio aos Animais, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Vizela (SCMV), deu início ao projeto Patinhas Carenciadas.
O programa surgiu, recorda Patrícia Rodrigues, vice-presidente da Coração Azul, porque a associação recebia “diversos pedidos de ajuda” de pessoas “que não tinham possibilidades financeiras de ter os seus animais”. “Eram pessoas que já tinham algumas dificuldades ao nível da alimentação e o facto de ainda terem animais a seu cargo exigia muito mais das famílias, então, a partir daí surgiu essa ideia de que, se calhar, havia ali uma lacuna por preencher”, diz-nos Patrícia Rodrigues.
Desde o início que a Coração Azul trabalha este programa com SCMV. É a Misericórdia vizelense que identifica os agregados familiares com comprovadas carências económicas, e que tenham animais de companhia a seu cargo. A partir daí, as famílias sinalizadas aceitam ou não integrar este programa, pois, sublinha Patrícia Rodrigues, “é um projeto que pode ser de adesão ou não”.
O Patinhas Carenciadas visa a entrega de alimentação para animais, contudo, a Coração Azul também já atribuiu “vales de chips gratuitos - na altura em que eles ainda não eram obrigatórios” -, e estabeleceu “parcerias com veterinários para esterilizações e castrações de animais, a preços mais em conta”. “É impossível conseguirmos [estes serviços] de forma gratuita porque há todo um custo ao nível dos cuidados médicos veterinários e nem a associação conseguiria suportar todos estes custos, então conseguimos tabelas de preços mais baixas para desparasitações, castrações, mesmo para consultas”, sublinha a vice-presidente da Coração Azul.
O número de famílias que precisam deste apoio tem vindo a oscilar, mas atualmente são 59 as que beneficiam deste projeto. No total, são 133 animais os animais de companhia que estão ao encargo destas famílias. Mas Marta Pereira, presidente da Mesa da Assembleia-Geral da Coração Azul, acredita “que no fim da pandemia ainda haverá mais famílias” beneficiárias.

Pandemia: Primeira distribuição de alimentos para animais do ano será feita só agora

Além disso, enaltece ainda, estas são as famílias referenciadas pela SCMV, pois se existisse este protocolo com outras entidades, Marta Pereira acredita que outras pessoas poderiam ser sinalizadas e, consequentemente, “seriam outras centenas de animais” para apoiar. “Vizela tem um grande trabalho pela frente a este nível”. “Há um trabalho muito grande de sensibilização a ser feito, é preciso reeducar as pessoas, pois se não têm capacidade para ter um animal e mantê-lo não podem ter”, afirma, por outro lado, Marta Pereira.
Este mês, pela primeira vez este ano, a Coração Azul vai efetuar uma sessão de entrega de alimentos. Num ano normal, são feitas três sessões, e em que cada uma delas garante rações para dois ou três meses. “É impensável que uma associação, apenas com voluntários, consiga alimentar esses animais a 100% durante o ano inteiro, e também, de certa forma, não é isso que nós queremos, pois, as pessoas têm de ser responsabilizadas pelo animal que têm, a nossa função é dar uma pequena ajuda, para que assim que as coisas estejam estabilizadas em casa dessas famílias elas já não precisem de mais nenhum apoio”. “Este ano vamos fazer agora pela primeira vez este mês [a entrega], por causa da pandemia, mas também porque as nossas recolhas de alimentos foram canceladas, então nós também não tendo alimentação para proporcionar, a associação também não consegue custear essa quantidade tão grande de quilos que precisamos para dar”, explica Patrícia Rodrigues.
A pandemia covid-19 impossibilitou a realização das anteriores entregas, mas também não permitiu que a Coração Azul levasse a cabo as habituais campanhas de recolhas de alimentos nos hipermercados. Por isso mesmo, quem puder apoiar a associação poderá sempre contactá-la através das redes sociais.

Lucília Silva e Camila Ribeiro beneficiam do projeto

Lucília Silva tem 50 anos de idade e há 34 que está a morar em Vizela. Ela e o marido fazem espetáculos pelo país, mas nesta altura, devido à pandemia, estão impossibilitados de trabalhar, daí que o projeto Patinhas Carenciadas seja importante para ajudar na alimentação dos seus dois animais de estimação, um gato (Prince) e uma gata (Princesa). Há quatro anos que recebe este apoio. “A Princesa está connosco há sete anos, e o Prince está há cinco, andávamos a trabalhar fora e ele apareceu-nos, não saía do pé da gente e acabamos por trazê-lo”. “Eles são como família”, diz-nos Lucília Silva.
Foi a SCMV quem lhe deu a conhecer este programa que, na sua opinião, é muito importante, sobretudo, numa altura em que ela e o marido não estão a trabalhar: “Mesmo quando fazia os espetáculos, sabe que a nossa vida é um bocado difícil, e conforme a gente trabalha ganha, não trabalhando não ganha, e essa ajuda é muito bem-vinda pois ajuda a alimentar os animais. Agora pior, porque a gente já está há um ano sem trabalhar, então mais bem-vinda é essa ajuda, pois por causa desta pandemia não se pode fazer nada”.
Também foi a Misericórdia vizelense que apresentou a Camila Ribeiro o projeto Patinhas Carenciadas. Camila tem 64 anos, é divorciada, é assistente operacional no Mercado Municipal de Vizela, mas com quatro cães (Dudu, Pequenino, Julieta e Scooby Doo) e mais cinco gatos (que não têm nome) o seu rendimento ao fim do mês é estreito para todas as despesas, mas, diz-nos: “Às vezes pensava nisso: é muito caro, mas quando os bichinhos esgravatavam nos portões e não saiam eu acabava por tomar conta. Por isso cheguei a ter seis [cães], mas dois já morreram de velhinhos. Nós ajudamos as pessoas que precisam, mas há animais que também precisam que tomem conta deles. São uma companhia”.
Camila Ribeiro não consegue fechar os olhos quando um animal abandonado começa a rondar a sua porta. Foi sempre assim desde que casou. “Tomei sempre conta de animais abandonados, porque tinha pena”. “Recolhia-os, vacinava-os e registava-os para não haver problemas, e cuidava deles como deve ser”, apesar dos baixos rendimentos.

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